“PORTELAS” DE SANTA CLARA-A-VELHA O ÚLTIMO REDUTO DA TENACIDADE ALENTEJANA

Que gente é esta que vive entre uma sucessão de vales, planícies e montes, onde existem uma fauna e flora de rara beleza, com o Rio Mira e a Costa Vicentina a sublinharem toda esta riqueza? Que gente é esta a quem o poder central esqueceu, deixando que os velhos sejam cada vez mais velhos sem que aos novos sejam criadas oportunidades para não abandonarem as terras dos seus avós e pais, provocando, assim, uma desertificação humana cada vez mais confrangedora? Que gente é esta que, apesar de toda esta triste realidade, ainda encontra forças para se juntar ao final de um dia de labuta à volta de um jovem acordeonista – Gonçalo Valério – para ouvirem os acordes do “Canta Alentejano” ou do “Corridinho Algarvio”?
Estas são as boas gentes de Santa Clara-A-Velha, Pereiras Gare e Luizianes, do grande Concelho de Odemira, considerado o maior da Europa, já que abrange território até à Costa Vicentina, no grande litoral alentejano.
Acompanhados pelo alentejano de todos os costados (de Relíquias – Beja), Augusto Palma, e do conhecido médico cirurgião lisboeta – há anos a trabalhar no Algarve, Daniel Maymone, Algarve Press visitou as terras de Santa Clara-A-Velha para participar num encontro tradicional de amigos, organizado pelo secretário da Confraria, Policarpo Guerreiro, onde fazem parte diversos confrades da Confraria dos Cavalheiros da Tábua Quadrada (que homenageia a então democrática reunião do Rei Artur de Inglaterra e seus Cavaleiros da Tábua Redonda – onde todos tinham direito a opinar livremente e sem represálias perante o rei).
Após a visita do grupo à barragem, o almoço à volta de uma excelente caldeirada de Achigã, oriundo da imponente Barragem de Santa Clara-A-Velha, servida pela Anabela alentejana e seus familiares de Pereiras Gare, serviu igualmente para ouvirmos as queixas dos autarcas e habitantes da terra.
O incontornável Valério, antigo presidente da Junta, e o empreendedor Fernando Peixeiro, actual presidente de Santa Clara-A-Velha falaram do “abandono das terras aos tojos e eucaliptos, esquecimento e envelhecimento das gentes, com a perda de 38% e 25% da população em Santa Clara e Pereiras Gare, respectivamente, a que se juntou o fim das viagens do Comboio e o travamento por parte da APA do Plano de Desenvolvimento da Barragem, uma âncora que não deveria servir somente para aproveitamentos agrícolas”, foram as principais críticas dos dois autarcas, secundados por vários habitantes oriundos de diversas áreas, da educação à cultura e empresariado, parte da massa crítica daquelas terras do Concelho de Odemira.
Ao presidente da Junta de Santa Clara-A-Velha, Fernando Peixeiro, ficou a promessa de voltarmos para fazer uma grande reportagem sobre os grandes problemas e anseios daquelas freguesias alentejanas, cujas gentes, tal como aconteceu com os antigos senhores mouros, que obrigaram D. Afonso III a deixar para último no Reino dos Algarves a conquista daquelas terras, continuam a defender as suas raízes e riquezas “entrincheirados” entre as “portelas” de Santa Clara-A-Velha, Pereiras Gare e Luizianes, último reduto da tenacidade alentejana contra o abandono, esquecimento e envelhecimento.
Manuel Luís https://www.facebook.com/manuelluis.neves?ref=ts&fref=ts – Página Algarve Press – Página Algrve Press – Algarve Press – e Algarve Press facebook
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