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CULATRA – HANGARES E FAROL NÃO VOTARAM “PELO DIREITO À HABITAÇÃO E TRABALHO”

26 de Maio de 2014

Igreja Culatrapics Cecila Mendonça - Valeria Martins Rui Mestre e Andreia Conceição

Os sinos tocaram a rebate e, ao som das música de Zeca Afonso (com destaque para a Grândola Vila Morena), os(as) culatrenses juntaram-se em redor da Igreja. Enquanto na mesa de voto, os cinco membros (Madalena Conceição, Cecília Mendonça, Valéria Martins, Rui Mestre e Andreia Lopes) aguentaram firmes o dia inteiro sem um único votante a entrar e a votar na secção de voto.

Mesa de voto com da esq Cecilia Mendonça-Valeria Martins-Madelena Conceiçao Rii Mestre e Andreia Lopes

Os sinos da Igreja da Culatra tocaram a rebate ontem pela manhã e a população dos três núcleos (Culatra, Hangares e Farol) da ilha juntou-se frente ao porto de abrigo, no lado oposto à secção de voto, evitando, desta forma, que alguém se sentisse intimidado. “As pessoas foram solidárias com o apelo lançado pelas três associações de moradores para que não fossem votar nas eleições europeias”, afirmou a Algarve Press a presidente da Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC), Sílvia Padinha.

Hangares cartazes Hangares pai e silvia

“Esta é a demonstração da união de toda a população. Estamos a protestar contra o poder político devido à falta de legalização das habitações existentes nos três núcleos habitacionais — Culatra, Hangares e Farol”, núcleos habitacionais da Ria Formosa, do concelho de Faro. “Não impedimos ninguém de votar, a mesa de voto esteve sempre aberta para quem quisesse exercer o seu direito de voto, mas a população está solidária com a luta pelos seus direitos de legalização das suas habitações e por melhores condições de vida”, esclareceu a presidente (com o cartaz do Povo Unido).

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“A população está connosco porque estamos a lutar pelo direito à habitação e ao trabalho. Além da pretensão antiga de legalização das casas, estão em causa os impedimentos que a zona de produção aquícola offshore da Armona tem provocado nas comunidades piscatórias locais, impedidas de passar na zona onde está instalada a zona de produção aquícola, ficando os pescadores privados de uma zona extensa de mar onde não podem pescar, ao contrário do que sempre fizeram durante gerações”, sublinhou Sílvia Padinha.

As três Associações defendem para os respectivos núcleos da Ilha da Culatra “uma solução idêntica à da Ilha da Armona (Concelho de Olhão) e ma zona central da da Praia de Faro (Concelho da capital do Algarve)”, onde existem núcleos habitacionais legalizados, sob a jurisdição das autarquias de Olhão e Faro, respectivamente, acrescentou a líder associativa, recordando que, “há pouco tempo, foi aumentado em 30 anos o prazo da concessão da Armona”.

Assim: “Não é justo que haja dois pesos e duas medidas para situações que são em tudo semelhantes. Queremos que se regularizem estas situações, das casas e da pesca, que se dê às pessoas o que lhes pertence. É por sentirmos que não nos ouvem que os moradores dos três núcleos decidiram regressar a uma forma de luta que já utilizámos. Mas repetiremos nas próximas eleições se a situação se mantiver”, advertiu Sílvia Padinha.

Lezinho e Rui

Já para José Lézinho, do núcleo dos Hangares, “esta é uma luta justa porque queremos viver e trabalhar onde crescemos”. Uma ideia base repetida por Carlos Cândido, outro morador dos Hangares: “Sou filho do pioneiro dos Hangares, se não morri no Ultramar deixem-me viver e morrer onde nasci”.

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Também presente na manifestação-protesto, o representante da Associação do Farol, Feliciano Júlio (3º. da esqª.), sublinhou todas as reivindicações acrescentando a “necessidade de água potável e esgotos nas 208 habitações consideradas ilegais no núcleo, já que os poços estão contaminados. O estado investiu cerca de 11 milhões de euros para colocar água e esgotos na ilha, mas não foi para todos”, lamentou em tom de crítica o líder associativo.

Culatra PORTO ABRIGO1 areal Ria Culatra

Quem não calou igualmente a sua voz de protesto foi o pescador Vítor Silvestre: “Estamos a lutar pelos nossos filhos e netos. Diminuem-nos a área de pesca ao criarem as zonas de aquacultura, criam quatro empregos e impedem centenas de trabalhar naquelas zonas. Já nas áreas da armação o acordo era que podíamos pescar a cem metros, agora só podemos trabalhar a uma milha. Isto assim não pode continuar”, afirmou o pescador em jeito de aviso à navegação…

Manuel Luís – t e f    

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